quinta-feira, 4 de julho de 2019

Ponderações técnicas sobre calçadas e as pessoas com deficiência(s) para comentários dos amigos e amigas


Pessoas com Deficiência(s), inclusão e acessibilidade

Entender, saber, respeitar a pessoas com deficiência(s) é fundamental à sua dignidade e inclusão. Nada pior do que a percepção de omissão da sociedade em que vive a pessoa nessas condições.
O que é uma pessoa com deficiência(s), afinal?
Nossa legislação define da seguinte forma, não esquecendo que a condição de deficiência pode ser múltipla:

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.(Lei Federal: LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. )

Essa condição de existência tem a partir desse e outros instrumentos legais: normas técnicas, códigos de ética, regulamentos etc. implicando na Educação, Segurança, Engenharia, Sociologia, Urbanismo, Projetos, Operação, Manutenção, direitos e deveres de todos os componentes de nossa sociedade.
A perfeição cultivada por artistas, filósofos e instituições clássicas perde sentido à medida que o ser humano realmente evolui e simplesmente ninguém é perfeito.
O desafio da inclusão é tema de instituições mundiais, onde o destaque ONU (WIKIPÉDIA, 2019), organização que, entre outras coisas, estabelece os objetivos do Milênio, de Sustentabilidade (ODS) e tende a evoluir se a comunidade internacional vencer barreiras culturais milenares, arraigadas em praticamente todas as nações.
Infelizmente outras prioridades competem com o respeito ao ser humano.
O que realmente seria prioridade?
Entendemos que o universo parte de nossa existência. Assim devemos resolver nossos problemas, acima de tudo. Estamos incrivelmente atrasados na implementação de padrões acessíveis se compararmos o Brasil com os países mais desenvolvidos. A consciência é função da educação e cultura, um indicador que condena o Brasil.
Pessoa com deficiência é algo nem sempre evidente.
O envelhecimento, situação que se destaca pelo rápido aumento da expectativa de vida, transforma qualquer ser humano em pessoa com deficiência(s) se viver além de limites razoáveis. Isso é mal percebido pelo idoso/a podendo agravar sua situação por efeito de comportamentos inadequados.
Mais ainda, abusando da liberdade, colocar outras pessoas em risco no exercício de profissão ou atos de rotina. É muito importante conhecer as próprias limitações e agir de forma adequada diante delas. É rotina observar “super-velhos” querendo mostrar uma juventude que não possuem.
Mas, fazer o quê? O que fragiliza a pessoa com deficiência além de seus desafios de sobrevivência? Quem afeta sua existência? Onde podemos atuar a favor da inclusão e dignidade da pessoa com deficiência(s)?
Talvez o aspecto mais importante seja o de mobilidade e acesso autônomo e com segurança a qualquer lugar, da residência ao ambiente de trabalho, lazer, cultura, esporte, culto religioso, atendimento clínico etc.
O que podemos afirmar é que as barreiras às pessoas com deficiência e fragilizadas são inúmeras por efeito da ignorância, agressividade, omissão, enfim, pela incapacidade de compreensão e respeito ao próximo.
Particularizando exemplos temos as calçadas como um atestado de compreensão.
A ABNT, leis, regulamentos etc. estabelecem padrões, nada disso tem valor se as autoridades não aplicarem com rigor o que é estabelecido.
Em Curitiba, qualquer passeio a pé ou deslocamento de trabalho, escola e outros pode terminar em lesões graves quando não por efeito de assaltos e atropelamentos.
A prioridade tem sido a velocidade e isso cria potencial para acidentes gravíssimos.
Nossos padrões são antigos ou mal aplicados, o piso é descontínuo, travessia de ruas uma aventura, a arborização da cidade é equivocada e prejudicial ao pedestre, exceto quando trava algum veículo que se perde nas ruas, e avenidas.
Qualquer administrador brasileiro precisa entender que a quantidade de pessoas com deficiência(s) tende a crescer no Brasil. Mais cedo ou tarde serão citados como bons ou maus, criminosos ou lúcidos e salvadores de inúmeras pessoas que, talvez, nunca venham a saber que estarão vivas porque não sofreram acidentes que de outra forma as teriam mutilado ou matado.
Ou seja, seus prepostos terão a OBRIGAÇÃO de estudar, entender e aplicar as melhores técnicas de inclusão e acessibilidade.
Precisamos, contudo, enfatizar exaustivamente o ato “planejar”, o ponto mais fraco de quase todas as administrações municipais. Muda-se arbitrariamente prioridades, padrões, “soluções”. Escravos da demagogia reinventam propostas e a descontinuidade se reflete em obras, serviços, metas descontínuas agravadas pela manutenção precaríssima da maioria das cidades, muitas vezes sem autonomia financeira e dependendo de outros níveis de arbítrio.
O planejamento consciente em torno as pessoas com deficiência(s), pessoas idosas, fragilizadas e das crianças precisa obrigatoriamente de multidisciplinaridade.
Não deve ser o que simples urbanistas, arquitetos, engenheiros ou advogados querem.
Um aspecto mórbido, sua ausência causa inúmeros problemas, é a especificação minuciosa dos limites dos elementos que compões a calçada e da própria calçada sob o ponto de vista da Engenharia. Coeficientes importantíssimos não são estabelecidos e isso é um pesadelo de curto, médio e longo prazo.
O que é e como estabelecer limites?
Qual a rugosidade mínima?
Qual deve ser o limite de escorregamento?
O tamanho mínimo de cada peça?
Durabilidade mínima?
Cores?
Base?
Sub-base?
Capacidade de carga?
Limites de espaços alheios ao pedestre?
Certificação?
Laboratórios?
Métodos de ensaio?
Etc.
Note-se, enfatizando, que o Brasil é signatário de tratados internacionais a favor das pessoas com deficiência(s).
Respeitamos ou tudo o que existe é figuração?



João Carlos Cascaes
Curitiba, julho de 2019

3 comentários:

  1. Acho que as calçadas estão por último na lista de atividades de qualquer prefeito que passou por Curitiba. Porque as calçadas de Curitiba...são horríveis!!!

    ResponderExcluir
  2. https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/obras-promovem-transformacao-da-voluntarios-da-patria-sao-francisco-e-do-largo-da-ordem/51320

    ResponderExcluir